Garimpos clandestinos têm sido uma das maiores ameaças às terras indígenas (TI), em Mato Grosso. Tanto que tem resultado em frequentes operações de combate a extração ilegal por parte da Polícia Federal (PF) e demais órgãos ligados ao meio ambiente e aos povos indígenas. Em dois meses, a extração ilegal de minérios foi flagrada em pelo menos dois territórios localizados no Estado.
Um deles trata-se da TI “Sararé”, em Pontes e Lacerda (448 km ao Oeste de Cuiabá). A reserva abriga o povo “Nambikwara”, espécies do Cerrado e é rica em minerais. Por isso, é alvo de grileiros e grupos que invadem a região atrás de ouro e também de madeira. Além da destruição da mata, os infratores ameaçam os indígenas e contaminam o meio ambiente.
Por lá, neste domingo (17), a PF desencadeou mais uma ação de combate à extração ilegal de minérios com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai). O trabalho atingiu ainda os garimpos do “Rio Sararé”, “Babalu” e “Cooper Pontes”, todos na mesma região.
Aproximadamente 1,5 mil hectares, o que equivale a cerca de 1,9 mil campos de futebol, foi destruído. No local, foram localizadas e inutilizadas seis escavadeiras hidráulicas, que juntas são avaliadas em R$ 3 milhões.
A ação fez parte da segunda fase da operação “Alfeu III”. Durante a primeira etapa, realizada no início de outubro, os agentes obtiveram êxito em localizar 21 escavadeiras hidráulicas, das quais 19 foram inutilizadas e duas foram destinadas a instituições públicas. No total, já são 27 máquinas escavadeiras retiradas de circulação e do poder dos criminosos.
Também foram inutilizados três veículos de passeio, um quadriciclo, três motos, aproximadamente 100 motores estacionários, quatro barcos, insumos e toda a estrutura utilizada na atividade ilegal. Um homem foi preso em razão do porte ilegal de arma de fogo e com ele foi apreendido ouro proveniente da exploração ilegal. O prejuízo causado ao grupo é de cerca de R$ 20 milhões.
“A ação de encerramento da atividade garimpeira é uma operação continuada e somente é possível, pela integração dos órgãos de fiscalização e repressão. O Ibama com poder de fiscalização permitiu a atuação das forças policiais em toda a extensão do garimpo e a Funai realizou um levantamento prévio com a utilização de drones, que possibilitou a localização das máquinas utilizadas na atividade garimpeira”, informou a PF.
ALDEIA RIO PRETO - Antes, no fim de agosto passado, a Polícia Federal deflagrou a operação “Rio de Ouro”, visando combater a prática ilegal de garimpos em terras indígena Aripuanã, na aldeia “Rio Preto, no norte de Mato grosso.
Na ocasião, a PF atuou pontos de garimpos ilegais, um deles dentro do próprio território indígena e outro no garimpo conhecido como “Tamarino”. A ação culminou na inutilização de mais de 20 motores-bombas e três escavadeiras hidráulicas empregadas na atividade criminosa. Foram ainda identificadas lideranças e financiadores da prática criminosa.
O nome da operação policial faz alusão ao nome da aldeia e se refere ao grande lucro obtido pelos criminosos com a atividade ilícita de garimpagem em terras indígenas, bem como ao consequente impacto ambiental gerado.