23/11/2021 as 06:14 | por DC. |
Denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) referente a Operação Capistrum revela grande poder de influência da primeira-dama Marcia Pinheiro na administração do município de Cuiabá. Mesmo sem ocupar nenhum cargo, a esposa do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) tinha um núcleo montado no âmbito do Executivo Municipal, mais especificamente dentro da Secretaria de Governo, para atender as suas demandas
Isso porque, era Márcia quem comandava as questões referente as contratações de comissionados e temporários, principalmente da Secretaria de Saúde da Capital. O fato foi comprovado após perícia e analise nos aparelhos telefônicos apreendidos pela polícia civil para corroborar com as investigações.
Por conta disso, ela é apontada pelo órgão ministerial como uma das principais mentoras do esquema de contratação irregular e pagamento ilegal do prêmio saúde.
"Consoante análise de conversa realizada no dia 26/05/2020 entre os interlocutores em tela, verifica-se que a Sra. Marcia atuava efetivamente dentro da Secretaria Municipal de Saúde, posto que, segundo o diálogo em destaque, ela determinava atividades que deveriam ser desenvolvidas pelos servidores daquela pasta", diz trecho da denúncia.
Conforme a denúncia, o Núcleo de Apoio à Primeira-dama era administrado pela secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza.
A influência exercida por ela não se delimita apenas a Secretaria de Saúde. Ela também tinha o controle da Secretaria de Comunicação da capital, conforme aponta a denúncia oferecida pelo Ministério Público.
A interferência da primeira-dama na Comunicação pôde ser identificada por meio de troca de mensagens via aplicativo. "A conversa entre Márcia e Ruan realizada entre os dias 24 a 28/06/2017, apontam suspeitas de que Márcia Kuhn, esposa do Emanuel Pinheiro, exercia a função de chefia na Secretaria de Comunicações de Cuiabá - SECOM, mesmo não estando oficialmente nomeada na pasta no executivo municipal", diz trecho da denúncia apresentada pelo órgão fiscalizados ao poder judiciário.
O seu "protegido" era Davison Ruan Cunha, que foi nomeado no cargo em comissão de Assessor Especial, na Secretaria de Inovação e Comunicação de Cuiabá, no dia 07 de julho de 2017, dias depois da conversa que teve com Márcia Pinheiro.
Nas interceptações feitas, o Ministério Público constatou, inclusive, que foi a primeira-dama quem fez todo organograma de cargos da Secretaria de Comunicação. A intenção dela era colocar Ruan como diretor de comunicação, e ainda como seu assessor direto.
"A conversa muda de rumo, mas em seguida voltam a tratar sobre o tema e na oportunidade Márcia pergunta se Ruan conseguiria fazer assessoria dela e ser o diretor de comunicação interna. Além disso, Márcia envia um áudio para Ruan explicando que a nova estrutura que ela montou não está funcionando da forma que ela gostaria. Em outro áudio Marcia enaltece que ela quem está levando RUAN para trabalhar na Comunicação e não o Bebeto", diz outro trecho da denúncia.
Para tanto, a primeira-dama teria criado um cargo com salário de R$ 10 mil mensal. "Já na madrugada do dia 25/06/2017, MARCIA envia áudio esclarece para Ruan, através de um áudio, que o cargo que ela criou é para Diretoria de Comunicação Interna, com salário de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Marcia diz o salário "não é grande coisa", mas já ajuda bastante".