Líder de pescadores profissionais reivindica repovoamento do Rio Cuiabá.

A Piracema, período de reprodução dos peixes e de proibição da pesca nos rios, começa no dia primeiro de outubro e se estenderá até janeiro de 2022.

Deixar de pescar para que a natureza aja sozinha na reprodução, como subentende o período da Piracema, não será suficiente.

Para assegurar a piscosidade dos rios, entre os quais o Cuiabá e o Paraguai, os mais importantes do Estado, é fundamental desenvolver projetos de repovoamento.

Pescador desde os 9 anos, Valdivino Paulo da Cruz, 63, está certo de repovoar, uma ação associada às medidas de fiscalização, prevenção e repressão à pesca predatórios e outras formas de exploração ilegal.

A seca, apontada como causa da escassez de peixes, não é vista por ele como uma influência danosa. Não tanto quanto o excesso de tablados, dragas instaladas no leito e usinas hidrelétricas.

"A seca sempre existiu e continuará existindo, é um fenômeno natural'', diz Valdivino.

Tesoureiro da Colônia Z1 de Cuiabá, a maior e mais antiga entidade de pescadores, ele vê o repovoamento como essencial para a garantia da pesca nos próximos anos.

Assim como vê a retirada de tablados, estruturas de madeira instaladas no leito para exploração comercial da pesca, como uma necessidade urgente.

Nos tablados, explica Valdivino, estão as cevas fixas, ou seja, recipientes que ofertam alimentos de forma permanente aos peixes.

Essa maneira de atrair o peixe, além de torná-lo presas fáceis aos pescadores influência na reprodução e provocada mortandade.

Sobre as dragas, Valdivino diz que são estruturas mecânicas flutuantes que abrem crateras gigantescas em profundidade e extensão. "De quilômetros de extensão e profundidade incalculável", assinala.

Pelas contas do líder de pescadores há mais de 10 dessas dragas explorando uma área pequena do leito do Rio Cuiabá, apenas dentro do município de Cuiabá.

A construção de usinas hidrelétricas também é prejudicial. Na estiagem, como ocorre agora, a água fica represada nos lagos diminuindo o fluxo liberado para os rios, impedindo a reprodução dos peixes.

Os projetos de repovoamento, como os que já existiram, seriam uma maneira de amenizar os danos causados pela intervenção do homem para auxiliar a natureza.

Em Mato Grosso são 8.600 pescadores profissionais, que vivem exclusivamente da pesca.

 

Amadores, aqueles cuja pesca é um complemento à renda da família, seriam cerca de 25 mil pescadores, conforme dados da Colônia Z1, sediada em Cuiabá.

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